domingo, 7 de dezembro de 2014

Lisboa

Lisboa é daquelas cidades a quem entregamos o nosso coração com a certeza absoluta que nunca vamos recuperá-lo. Simplesmente entregamos numa bandeja e nunca nos arrependemos dessa decisão. Nunca ficamos a pensar nas cidades que ficaram para trás e sabemos que nenhuma outra vai substituí-la. E isso não faz mal. 

Lisboa é um caso de amor à primeira vista daqueles que se vê nos filmes a preto e branco. Não existem "ses" e "serás" e basta um raio da sua luz tão própria para nos deixar arrebatados e cegos de paixão. 

Lisboa faz-nos chorar quando toca o seu fado e quando nos engole na sua solidão noctívaga. Lisboa faz-me chorar quando olho para o seu Tejo e tudo o que ficou do outro lado. 

É Lisboa que vejo todos os dias da minha janela quando acordo, quando estou a trabalhar, quando estou a tirar medidas à vida e é ela que me acompanha até casa. Sem falha nem desculpa. 

Em Lisboa o batimento do coração é regrado pelo som das campainhas dos elétricos, pelos saltos na calçada portuguesa, pelo estalar da massa folhada de um pastel de nata, pelos acordes da guitarra portuguesa ou pelos manípulos das máquinas de café prontos a servirem bicas. 

Eu não sou de Lisboa. Sou de muito longe, mas aqui é casa. Há quase 1 ano. Desde o inverno melancólico à doce primavera. Desde o verão em que tudo mudou ao outono da saudade. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Andreia

Conheço a Andreia desde pequenina. Vi-a crescer e é agora que dou um outro rumo ao texto para não parecer um dinossauro, mas a verdade é que desde que frequentava a casa da família Santos esta miudinha estava sempre lá de um lado para o outro a brincar.

Tinha curiosidade em ver e saber quem eram as amigas da mana mais velha e, por isso, gostava sempre de estar connosco. No início olhávamos para ela como um empecilho porque afinal de contas quem é que quer sair para beber café com um bebé ao lado? Adolescente que é adolescente é tolo e rude, certo?

Hoje em dia olho para ela e o meu coração enche-se de orgulho. Gosto muito da pessoa em que se tornou. Gosto como tem os pés bem assentes na terra, mas se olharmos com atenção, especialmente quando ela não está a ver, aqueles olhos andam a passear por mundos que só ela conhece.

Temos um sentido de humor muito parecido e isso faz com que as gargalhadas estejam sempre presentes entre nós. Não tem medo de dar a sua opinião sobre nada e valorizo muito que nunca tenha medo de dizer o que pensa. Revejo-me muito na sua independência e vontade de ser mais do que um número.

Ao contrário da sua irmã, tem um gosto musical impecável (desculpa V., mas é verdade). Gosto de pensar que tive alguma influência nisso e em outras partes da sua vida também através de pequenos conselhos ou abraços mais fortes quando foi necessário.

A Andreia não é só a irmã de uma amiga. É um bocadinho minha também. E seguramente já não é uma miudinha, apesar disso partir-me o coração, por vezes. Aos meus olhos será sempre a Andreiota a quem tinhamos de dar a mão para atravessar a estrada.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Pedro

Sofia, desculpa ter-te cortado desta foto awesome.
"Então fala-me um pouco de ti."
"Bom, deixa cá ver. Não deves querer saber quais são os bares que mais frequento no Bairro Alto..."
"Se quiseres começar por aí... :)"

Assim começava a minha entrevista com o Pedro. Conheci este rapaz de caracóis e olhos azuis há quase 2 anos e meio quando ele andava à procura de um community manager. Por sorte, acabei por fazer parte da família. Durante este período de tempo muita coisa tem vindo a mudar e os papéis têm-se transformado um pouco, mas há um que se mantém - o de amigo, o de ouvinte.

Partilhamos os mesmos gostos musicais. Até os mais duvidosos. Não temos problemas em desatar a cantar num bar qualquer ou no meio da rua e é essa imprevisibilidade do que ele vai fazer a seguir que me faz gostar tanto dele. Não dizemos que não a um gin (Bombaaaaaay!) e dizer que a Sílvia é hipster é um dos nossos passatempos preferidos. Diz muitas vezes "ok", "certo" e "hum, hum, hum". Quando fala, fá-lo com o corpo todo e é sempre um prazer vê-lo entusiasmar-se com uma ideia ou projeto. É contagiante e faz-nos pensar que tudo é possível. 

Para o Pedro há sempre espaço para convidar mais um amigo, o que também me tem permitido travar conhecimento com outras pessoas igualmente interessantes. Os melhores momentos são sempre passados à volta de uma mesa. Serve-te o prato e a bebida e pergunta sempre se queres mais e se está tudo bem. Os abraços estão garantidos e as turras na testa também, o que compensa os momentos em que pode ser um bocadinho mais bruto.

Tenho aprendido muito com ele, tanto a nível profissional, como pessoal. Acrescenta muito à minha vida e por isso prezo e agradeço a sua compreensão e disponibilidade para tudo. 

Para ele eu sou a Tanaya. Já perdi a conta às músicas todas que inventaste. Para mim ele é o Pedrocas que canta a "Get Lucky" e faz victory dances que me fazem sempre sorrir. Gosto de ti como gin com manjericão e como o bolo de chocolate do Las Ficheras. :)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Jorge

A empresa acabava de contratar um copywriter, mas não o conheci no dia em que começou a trabalhar. Vi a sua cara na Time Out no dia anterior. No texto só se liam coisas boas deste miúdo de Sorriso Parvo que venerava o diabo e fazia festas a gatinhos. A curiosidade era geral, mas não começou uma conversa com um Yo! e não trazia nenhum colar com o símbolo do dólar.

Contudo, depressa descobri que aquele sorriso, de parvo não tem muito. Tem mais de tímido, o que combina com a sua postura geral. Ninguém diria que este rapaz sobe a palcos e entretém pessoas com as suas músicas com um à vontade que nos deixa a pensar quem é aquela pessoa que todos os dias partilha a secretária contigo. Há uma mudança, não é? Passa a ser o ninja. Passa a ser o J-K.

Já fui a alguns concertos seus e a mistura de, efetivamentente gostar do que ele faz com o sentir que estou a apoiar um amigo, faz-me sempre sair de lá com um sorriso largo. Escusado será dizer que um dos efeitos da sua chegada à minha vida é a quantidade de hip-hop/rap que oiço agora (mas só daquele fofinho e não, Drake, não conta, Jorge). E conceitos como assquake ou purple drank. Ah, e 1D não é One Direction, meus caros.

Gosto de saber que o tenho do meu lado direito e que faz parte da minha equipa. Mexer no seu cabelo dá-me gozo, apesar de saber que ele não gosta. Partilhar o café e dois dedos de conversa é das coisas que mais sinto saudades de momento. Envergonhá-lo ao cantar uma música dele faz-me rir, além das piadas secas que de tão más, passam a ser boas. Tem um péssimo gosto para óculos de sol. Partilhamos iogurtes, gelatinas e salames, mas ele vai dizer-vos que é um rapaz de pouco alimento.

É fácil falar com ele, apesar de ele ser do tipo mais ouvinte. É fácil confiar nele, apesar de ser preciso um guindaste para sacar o que seja dele. Conheço este miúdo há quase um ano e é seguramente uma boa surpresa porque quando já somos adultos esta coisa de fazer amigos parece que fica mais difícil. Ou bros, como ele diz. 

E agora para um momento super alto na tua carreira, não posso deixar de citar-te porque faz todo o sentido neste momento - "Eu contrariava todos e cantava que a vida era fácil, mas ela é bem lixada e eu não sou nada ágil." You have arrived, son! :)

Quanto à música de onde as linhas foram extraídas, não é preciso dizer mais nada. Tu já sabes. E agora só fica a faltar o obrigado por aqueles momentos em que disseste que fui valente. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Sílvia

A Sílvia gosta de vinho tinto, ler livros e ouvir Jeff Buckley e Nina Simone. A Sílvia adora o Ikea e relógios da Komono e tem uma gargalhada contagiante. A Sílvia não gosta das suas orelhas, de sapatos de plástico, de erros gramaticais e pessoas que não usam o vocativo. Até há pouco tempo a Sílvia também não gostava de abraços e de The National.

Lembro-me perfeitamente do dia em que a conheci. Entrevistou-me para o cargo que ocupo atualmente. Estava nervosa, mas havia qualquer coisa na maneira como sorria que me colocou mais à vontade. O veredicto? Trabalho com ela há mais de 2 anos.

Não tem havido nenhum  problema em que ela não me tenha conseguido ajudar. Perdi a conta às vezes em que lhe disse obrigado e pedi desculpa por não ser capaz. Sei que por egoísmo coloquei-a em situações complicadas, mas se isso aconteceu culpo o facto de já não a ver como uma simples colega de trabalho. Somos amigas. Daquelas que fecham uma H&M e apreciam a opinião uma da outra. Daquelas que te convencem a ficar. Daquelas que dão conselhos. Daquelas que te ajudam a respirar quando falta o ar e o ânimo. Daquelas que fazem as unhas juntas.

Adora tudo o que tem bolinhas e acho que está à frente na competição, mas a ausência da nossa Maura também veio ajudar. Gosto do quão curiosa é, mas nunca quer deixar transparecê-lo demasiado. Adoro que a sua secretária seja um campo de guerra tal é a explosão de coisas que tem lá em cima. Admiro o seu profissionalismo e um dia quero ser assim também. Por enquanto, mas espero que cada vez menos, preciso das muletas.

Tenho tido saudades dela todos os dias. Tenho saudades de abrir o email e falarmos no chat sobre as coisas mais parvas ou como vamos responder a determinado comentário Tenho saudades de meter-me com ela quando diz que eu não faço textos com piada, mas tenho confiança no até breve que já trocámos.

Vejo-te no terraço. Levo o isqueiro. 

Sérgio

Sérgio, Seis e meia, Atomicsix, Seis... O que não lhe faltam são nomes. Para mim é o meu gigante que sei que está sempre à distância de uma chamada ou de um Hey num chat qualquer. 

Dizem que as coisas mais fixes são sempre as mais inesperadas e cada vez mais tenho aprendido isso com ele. Não existem "temos de combinar um café", "o pessoal vê-se" ou o clássico "liga-me para combinarmos" entre nós. Existem jantares de sushi marcados com meia hora de antecedência, cafés bebidos no momento e desabafos que não olham aos ponteiros do relógio.

Conheci o Sérgio em modo de trabalho, mas não foi preciso muito para dar-se o salto e encará-lo como um amigo. Já quase nem me lembro da altura em que fomos colegas de trabalho. Lembro-me de alguns emails ou de alguns telefonemas, mas já é difuso.

Tenho noção que nem todos o compreendem. Tenho noção que tem mudado muito ao longo do tempo e tenho tido o privilégio de ter vindo a assistir a tudo na primeira fila porque também eu tenho aprendido com isso. Ele talvez não saiba desse facto.

Invejo o seu desprendimento e coragem de simplesmente partir à aventura. Tenho saudades dele quando vai percorrer e descobrir o globo. Tem sempre histórias mirabolantes para contar e eu não gosto de perder pitada, Valorizamos a opinião um do outro e somos sinceros. Adoro as t-shirts de uma única cor e dizer madness passou a fazer parte do vocabulário mais recorrente. Gosto que ele seja uma pessoa prática. O facto do seu lugar de eleição ser a Pensão Amor faz-me sorrir e guardo comigo todas as nossas conversas ditas à luz manhosa de um candeeiro. 

Por tudo isto e por tudo aquilo que ainda vem por aí, prost, filhinho! Sabes o quanto gosto de ti e o quanto prezo seres o mais "soon" dos meus amigos. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Rita

Esta miúda partiu-me o coração uma vez. Disse-me que ia mudar de cidade e o meu mundo desabou. Ela foi a minha primeira amiga de sempre. Sentou-se ao meu lado no primeiro dia da escola primária e foi como se naquele momento eu soubesse que íamos pertencer uma à outra para sempre. 

É verdade que o "para sempre" teve momentos de interregno que vão ser sempre lembrados com cartas que trocávamos sobre o que cada uma fazia no seu cantinho - eu no Montijo, ela em Lisboa. E sim, eu disse cartas, o que hoje quase parece ridículo.

Perdi a conta às vezes que ia a casa dela brincar, ver o Aladino e, invariavelmente, jantar. Quando a comida não agradava, não havia cá problemas de pedir um menu diferente, porque a família Taborda também era um bocadinho minha.

Contudo, o mais giro de tudo era dormir na casa da Rita. Ficávamos acordadas até tarde e terminávamos cada frase com "Agora é que é! Boa noite!" para no momento a seguir desatarmos a rir e continuar a brincadeira do "vamos fingir que vamos dormir, mas vamos falar até de madrugada". 

As primeiras paixonetas preenchiam os nossos cadernos com corações gigantes onde se lia ASF. Os primeiros segredinhos e mentirinhas foram com ela. Nunca me vou esquecer do seu mau feitio e a maneira como colocava a mão sempre que era chamada ao quadro. Brincar com balões de água no verão na praceta e comer bolinhos quentinhos no inverno na sua casa eram as nossas coisas preferidas. Passávamos horas nas escadas do centro comercial a comer o que, na altura, eram os melhores croissants do Montijo. 

Hoje em dia já me juntei à Rita nesta coisa de ser independente e moro em Lisboa e é como se nada tivesse mudado. Adoro jantar na casa dela. O facto de ela preferir sempre a sobremesa ao prato principal faz-me rir. A mania das limpezas é algo que nunca vou herdar dela e adoro que o nosso guarda-roupa seja quase todo igual. Ir às compras e comer porcarias é um dos nossos programas de eleição e posso sempre contar com a sua opinião honesta em tudo. Em tudo mesmo.

A definição de amigo vai mudando ao longo do tempo. Tenho aprendido isso, mas a verdade é que a miúda que se sentou ao meu lado naquela manhã de setembro com uma franja à Beatriz Costa continua a ser aquilo que preciso - lealdade, honestidade,um ombro para chorar quando é preciso e um sorriso genuíno que contagia qualquer pessoa. Nesta altura da minha vida as palavras nunca serão suficientes para agradecer a tua disponibilidade. 

Terminamos sempre as nossas conversas no Facebook com um ;), por isso, Badó aqui fica - ;) e já agora deixa-me acrescentar um <3.