domingo, 7 de dezembro de 2014

Lisboa

Lisboa é daquelas cidades a quem entregamos o nosso coração com a certeza absoluta que nunca vamos recuperá-lo. Simplesmente entregamos numa bandeja e nunca nos arrependemos dessa decisão. Nunca ficamos a pensar nas cidades que ficaram para trás e sabemos que nenhuma outra vai substituí-la. E isso não faz mal. 

Lisboa é um caso de amor à primeira vista daqueles que se vê nos filmes a preto e branco. Não existem "ses" e "serás" e basta um raio da sua luz tão própria para nos deixar arrebatados e cegos de paixão. 

Lisboa faz-nos chorar quando toca o seu fado e quando nos engole na sua solidão noctívaga. Lisboa faz-me chorar quando olho para o seu Tejo e tudo o que ficou do outro lado. 

É Lisboa que vejo todos os dias da minha janela quando acordo, quando estou a trabalhar, quando estou a tirar medidas à vida e é ela que me acompanha até casa. Sem falha nem desculpa. 

Em Lisboa o batimento do coração é regrado pelo som das campainhas dos elétricos, pelos saltos na calçada portuguesa, pelo estalar da massa folhada de um pastel de nata, pelos acordes da guitarra portuguesa ou pelos manípulos das máquinas de café prontos a servirem bicas. 

Eu não sou de Lisboa. Sou de muito longe, mas aqui é casa. Há quase 1 ano. Desde o inverno melancólico à doce primavera. Desde o verão em que tudo mudou ao outono da saudade. 

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