terça-feira, 21 de outubro de 2014

Andreia

Conheço a Andreia desde pequenina. Vi-a crescer e é agora que dou um outro rumo ao texto para não parecer um dinossauro, mas a verdade é que desde que frequentava a casa da família Santos esta miudinha estava sempre lá de um lado para o outro a brincar.

Tinha curiosidade em ver e saber quem eram as amigas da mana mais velha e, por isso, gostava sempre de estar connosco. No início olhávamos para ela como um empecilho porque afinal de contas quem é que quer sair para beber café com um bebé ao lado? Adolescente que é adolescente é tolo e rude, certo?

Hoje em dia olho para ela e o meu coração enche-se de orgulho. Gosto muito da pessoa em que se tornou. Gosto como tem os pés bem assentes na terra, mas se olharmos com atenção, especialmente quando ela não está a ver, aqueles olhos andam a passear por mundos que só ela conhece.

Temos um sentido de humor muito parecido e isso faz com que as gargalhadas estejam sempre presentes entre nós. Não tem medo de dar a sua opinião sobre nada e valorizo muito que nunca tenha medo de dizer o que pensa. Revejo-me muito na sua independência e vontade de ser mais do que um número.

Ao contrário da sua irmã, tem um gosto musical impecável (desculpa V., mas é verdade). Gosto de pensar que tive alguma influência nisso e em outras partes da sua vida também através de pequenos conselhos ou abraços mais fortes quando foi necessário.

A Andreia não é só a irmã de uma amiga. É um bocadinho minha também. E seguramente já não é uma miudinha, apesar disso partir-me o coração, por vezes. Aos meus olhos será sempre a Andreiota a quem tinhamos de dar a mão para atravessar a estrada.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Pedro

Sofia, desculpa ter-te cortado desta foto awesome.
"Então fala-me um pouco de ti."
"Bom, deixa cá ver. Não deves querer saber quais são os bares que mais frequento no Bairro Alto..."
"Se quiseres começar por aí... :)"

Assim começava a minha entrevista com o Pedro. Conheci este rapaz de caracóis e olhos azuis há quase 2 anos e meio quando ele andava à procura de um community manager. Por sorte, acabei por fazer parte da família. Durante este período de tempo muita coisa tem vindo a mudar e os papéis têm-se transformado um pouco, mas há um que se mantém - o de amigo, o de ouvinte.

Partilhamos os mesmos gostos musicais. Até os mais duvidosos. Não temos problemas em desatar a cantar num bar qualquer ou no meio da rua e é essa imprevisibilidade do que ele vai fazer a seguir que me faz gostar tanto dele. Não dizemos que não a um gin (Bombaaaaaay!) e dizer que a Sílvia é hipster é um dos nossos passatempos preferidos. Diz muitas vezes "ok", "certo" e "hum, hum, hum". Quando fala, fá-lo com o corpo todo e é sempre um prazer vê-lo entusiasmar-se com uma ideia ou projeto. É contagiante e faz-nos pensar que tudo é possível. 

Para o Pedro há sempre espaço para convidar mais um amigo, o que também me tem permitido travar conhecimento com outras pessoas igualmente interessantes. Os melhores momentos são sempre passados à volta de uma mesa. Serve-te o prato e a bebida e pergunta sempre se queres mais e se está tudo bem. Os abraços estão garantidos e as turras na testa também, o que compensa os momentos em que pode ser um bocadinho mais bruto.

Tenho aprendido muito com ele, tanto a nível profissional, como pessoal. Acrescenta muito à minha vida e por isso prezo e agradeço a sua compreensão e disponibilidade para tudo. 

Para ele eu sou a Tanaya. Já perdi a conta às músicas todas que inventaste. Para mim ele é o Pedrocas que canta a "Get Lucky" e faz victory dances que me fazem sempre sorrir. Gosto de ti como gin com manjericão e como o bolo de chocolate do Las Ficheras. :)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Jorge

A empresa acabava de contratar um copywriter, mas não o conheci no dia em que começou a trabalhar. Vi a sua cara na Time Out no dia anterior. No texto só se liam coisas boas deste miúdo de Sorriso Parvo que venerava o diabo e fazia festas a gatinhos. A curiosidade era geral, mas não começou uma conversa com um Yo! e não trazia nenhum colar com o símbolo do dólar.

Contudo, depressa descobri que aquele sorriso, de parvo não tem muito. Tem mais de tímido, o que combina com a sua postura geral. Ninguém diria que este rapaz sobe a palcos e entretém pessoas com as suas músicas com um à vontade que nos deixa a pensar quem é aquela pessoa que todos os dias partilha a secretária contigo. Há uma mudança, não é? Passa a ser o ninja. Passa a ser o J-K.

Já fui a alguns concertos seus e a mistura de, efetivamentente gostar do que ele faz com o sentir que estou a apoiar um amigo, faz-me sempre sair de lá com um sorriso largo. Escusado será dizer que um dos efeitos da sua chegada à minha vida é a quantidade de hip-hop/rap que oiço agora (mas só daquele fofinho e não, Drake, não conta, Jorge). E conceitos como assquake ou purple drank. Ah, e 1D não é One Direction, meus caros.

Gosto de saber que o tenho do meu lado direito e que faz parte da minha equipa. Mexer no seu cabelo dá-me gozo, apesar de saber que ele não gosta. Partilhar o café e dois dedos de conversa é das coisas que mais sinto saudades de momento. Envergonhá-lo ao cantar uma música dele faz-me rir, além das piadas secas que de tão más, passam a ser boas. Tem um péssimo gosto para óculos de sol. Partilhamos iogurtes, gelatinas e salames, mas ele vai dizer-vos que é um rapaz de pouco alimento.

É fácil falar com ele, apesar de ele ser do tipo mais ouvinte. É fácil confiar nele, apesar de ser preciso um guindaste para sacar o que seja dele. Conheço este miúdo há quase um ano e é seguramente uma boa surpresa porque quando já somos adultos esta coisa de fazer amigos parece que fica mais difícil. Ou bros, como ele diz. 

E agora para um momento super alto na tua carreira, não posso deixar de citar-te porque faz todo o sentido neste momento - "Eu contrariava todos e cantava que a vida era fácil, mas ela é bem lixada e eu não sou nada ágil." You have arrived, son! :)

Quanto à música de onde as linhas foram extraídas, não é preciso dizer mais nada. Tu já sabes. E agora só fica a faltar o obrigado por aqueles momentos em que disseste que fui valente. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Sílvia

A Sílvia gosta de vinho tinto, ler livros e ouvir Jeff Buckley e Nina Simone. A Sílvia adora o Ikea e relógios da Komono e tem uma gargalhada contagiante. A Sílvia não gosta das suas orelhas, de sapatos de plástico, de erros gramaticais e pessoas que não usam o vocativo. Até há pouco tempo a Sílvia também não gostava de abraços e de The National.

Lembro-me perfeitamente do dia em que a conheci. Entrevistou-me para o cargo que ocupo atualmente. Estava nervosa, mas havia qualquer coisa na maneira como sorria que me colocou mais à vontade. O veredicto? Trabalho com ela há mais de 2 anos.

Não tem havido nenhum  problema em que ela não me tenha conseguido ajudar. Perdi a conta às vezes em que lhe disse obrigado e pedi desculpa por não ser capaz. Sei que por egoísmo coloquei-a em situações complicadas, mas se isso aconteceu culpo o facto de já não a ver como uma simples colega de trabalho. Somos amigas. Daquelas que fecham uma H&M e apreciam a opinião uma da outra. Daquelas que te convencem a ficar. Daquelas que dão conselhos. Daquelas que te ajudam a respirar quando falta o ar e o ânimo. Daquelas que fazem as unhas juntas.

Adora tudo o que tem bolinhas e acho que está à frente na competição, mas a ausência da nossa Maura também veio ajudar. Gosto do quão curiosa é, mas nunca quer deixar transparecê-lo demasiado. Adoro que a sua secretária seja um campo de guerra tal é a explosão de coisas que tem lá em cima. Admiro o seu profissionalismo e um dia quero ser assim também. Por enquanto, mas espero que cada vez menos, preciso das muletas.

Tenho tido saudades dela todos os dias. Tenho saudades de abrir o email e falarmos no chat sobre as coisas mais parvas ou como vamos responder a determinado comentário Tenho saudades de meter-me com ela quando diz que eu não faço textos com piada, mas tenho confiança no até breve que já trocámos.

Vejo-te no terraço. Levo o isqueiro. 

Sérgio

Sérgio, Seis e meia, Atomicsix, Seis... O que não lhe faltam são nomes. Para mim é o meu gigante que sei que está sempre à distância de uma chamada ou de um Hey num chat qualquer. 

Dizem que as coisas mais fixes são sempre as mais inesperadas e cada vez mais tenho aprendido isso com ele. Não existem "temos de combinar um café", "o pessoal vê-se" ou o clássico "liga-me para combinarmos" entre nós. Existem jantares de sushi marcados com meia hora de antecedência, cafés bebidos no momento e desabafos que não olham aos ponteiros do relógio.

Conheci o Sérgio em modo de trabalho, mas não foi preciso muito para dar-se o salto e encará-lo como um amigo. Já quase nem me lembro da altura em que fomos colegas de trabalho. Lembro-me de alguns emails ou de alguns telefonemas, mas já é difuso.

Tenho noção que nem todos o compreendem. Tenho noção que tem mudado muito ao longo do tempo e tenho tido o privilégio de ter vindo a assistir a tudo na primeira fila porque também eu tenho aprendido com isso. Ele talvez não saiba desse facto.

Invejo o seu desprendimento e coragem de simplesmente partir à aventura. Tenho saudades dele quando vai percorrer e descobrir o globo. Tem sempre histórias mirabolantes para contar e eu não gosto de perder pitada, Valorizamos a opinião um do outro e somos sinceros. Adoro as t-shirts de uma única cor e dizer madness passou a fazer parte do vocabulário mais recorrente. Gosto que ele seja uma pessoa prática. O facto do seu lugar de eleição ser a Pensão Amor faz-me sorrir e guardo comigo todas as nossas conversas ditas à luz manhosa de um candeeiro. 

Por tudo isto e por tudo aquilo que ainda vem por aí, prost, filhinho! Sabes o quanto gosto de ti e o quanto prezo seres o mais "soon" dos meus amigos. 

sábado, 4 de outubro de 2014

Rita

Esta miúda partiu-me o coração uma vez. Disse-me que ia mudar de cidade e o meu mundo desabou. Ela foi a minha primeira amiga de sempre. Sentou-se ao meu lado no primeiro dia da escola primária e foi como se naquele momento eu soubesse que íamos pertencer uma à outra para sempre. 

É verdade que o "para sempre" teve momentos de interregno que vão ser sempre lembrados com cartas que trocávamos sobre o que cada uma fazia no seu cantinho - eu no Montijo, ela em Lisboa. E sim, eu disse cartas, o que hoje quase parece ridículo.

Perdi a conta às vezes que ia a casa dela brincar, ver o Aladino e, invariavelmente, jantar. Quando a comida não agradava, não havia cá problemas de pedir um menu diferente, porque a família Taborda também era um bocadinho minha.

Contudo, o mais giro de tudo era dormir na casa da Rita. Ficávamos acordadas até tarde e terminávamos cada frase com "Agora é que é! Boa noite!" para no momento a seguir desatarmos a rir e continuar a brincadeira do "vamos fingir que vamos dormir, mas vamos falar até de madrugada". 

As primeiras paixonetas preenchiam os nossos cadernos com corações gigantes onde se lia ASF. Os primeiros segredinhos e mentirinhas foram com ela. Nunca me vou esquecer do seu mau feitio e a maneira como colocava a mão sempre que era chamada ao quadro. Brincar com balões de água no verão na praceta e comer bolinhos quentinhos no inverno na sua casa eram as nossas coisas preferidas. Passávamos horas nas escadas do centro comercial a comer o que, na altura, eram os melhores croissants do Montijo. 

Hoje em dia já me juntei à Rita nesta coisa de ser independente e moro em Lisboa e é como se nada tivesse mudado. Adoro jantar na casa dela. O facto de ela preferir sempre a sobremesa ao prato principal faz-me rir. A mania das limpezas é algo que nunca vou herdar dela e adoro que o nosso guarda-roupa seja quase todo igual. Ir às compras e comer porcarias é um dos nossos programas de eleição e posso sempre contar com a sua opinião honesta em tudo. Em tudo mesmo.

A definição de amigo vai mudando ao longo do tempo. Tenho aprendido isso, mas a verdade é que a miúda que se sentou ao meu lado naquela manhã de setembro com uma franja à Beatriz Costa continua a ser aquilo que preciso - lealdade, honestidade,um ombro para chorar quando é preciso e um sorriso genuíno que contagia qualquer pessoa. Nesta altura da minha vida as palavras nunca serão suficientes para agradecer a tua disponibilidade. 

Terminamos sempre as nossas conversas no Facebook com um ;), por isso, Badó aqui fica - ;) e já agora deixa-me acrescentar um <3.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Vanessa

No próximo ano vais vestir-te de branco dos pés à cabeça e dizer sim. Sim ao teu de sempre.

A primeira vez que te vi vestida de noiva emocionei-me ao pensar que temos percorrido um caminho e tanto. Conheço-te desde sempre. Fazes-me sempre ver os baloiços da escola primária, sentir o cheiro das aguarelas dos nossos desenhos que para nós eram verdadeiras obras de arte, ouvir o pico a cumprir o seu trabalho de picotagem na esponja e tocar o papel de lustro das cores do arco-íris.

O quadro com os problemas de matemática ou as perguntas de interpretação está já ali à frente à espera que peguemos no giz. Eu pego agora nesse giz e desenho os 21 anos em que nos conhecemos.

Não tem sido uma linha recta, Houve momentos em que não gostei de ti. É cruel dizê-lo, mas é verdade. O facto de hoje poder estar a escrever estas linhas devo-o à nossa maturidade e, sejamos francas, linhas rectas são uma seca. Como é que se desenhariam os contornos de um coração? Coração esse que sempre teve um espaço só para ti.

Irrita-me a tua relação complicada com o telemóvel. Não consigo aceitar que gostes de Ivete Sangalo. Adoro quando cozinhas para mim. Gosto de abrir garrafas de vinho tinto contigo e conversar horas a fio. Nunca vais chegar a horas a lado nenhum e eu nunca vou conseguir convencer-te que gin é a melhor bebida de sempre. Já perdi a conta às horas de gargalhadas que já demos juntas. Fico-me pelo símbolo de infinito. 

Sempre fui mais racional que tu, mas hoje prezo que tenhas conseguido ser o meu complemento mais meloso. É ligeiramente mais fácil hoje abrir a boca e soltar as palavras por causa disso. Eu disse ligeiramente porque ambas sabemos que, por vezes, precisas de uma lanterna e de uma picareta para chegar ao meu fundo.

Não tarda nada estamos nos 30 e há arrependimentos certamente, mas tu não és um deles.